domingo, 4 de maio de 2014

Sobre nascimento(s)

     Desde que teve o caso Adelir, eu tive vontade de escrever sobre o assunto, estava "parindo"o texto. Hoje, soube que nasceu o filho da minha prima, o Murilo, de parto humanizado na casa dela, achei o máximo e resolvi escrever sobre a minha experiência.





 
     Nasci de cesária, meu irmão também. Soube, muitos anos depois, que foi porque minha mãe não teve dilatação. Cresci sabendo que a maioria dos meus amigos também nasceu de cesária. Lembro-me perfeitamente que sabia que minha amiga Naná e seu irmão tinham nascido de parto normal. Ok. Segui a vida vendo bebes nascendo de cesária, engraçado porque quando somos pequenas não reparamos se quer na cara de quem pariu, nem se quer ouvimos detalhes de como a pessoa esta passando, entretanto me lembro de uma das minhas tias estar bem abatida depois da cirurgia.
     Meninas querem ser como sua mães e durante anos gritei que teria 4 filhos, todos de cesária; depois descobri que no máximo se pode fazer 3 cesárias, mas continuava batendo o pé.

    O tempo passou, eu conheci meu amado, resolvi que queria engravidar e comecei a conhecer mais sobre TUDO relacionado a filhos. Vi muita mulher erguendo a bandeira do parto normal, ainda não sabia o que queria. Desde o início da minha gravidez usei o The Secrett para ser mais feliz e completa, e seguindo esse "plano", precisava decidir o que eu queria para me planejar mentalmente e alcançar. Ouvi da minha mãe que a minha médica odiava parto normal, conversei com ela, que desmentiu. O dia do nascimento estava mais próximo, me lembro de querer saber mais a respeito, nunca fui muito Zen, então ler livros de auras e respirações durante o trabalho de parto, nunca combinaram com meu estilo de vida. Nada de partos em água ou algo do tipo. Mas a ideia de seguir o ritmo da vida me acolhe sempre. Enfim, me sentei com uma barriga de grávida de 7 quase 8 meses na cama de casal, eu e minha melhor amiga e madrinha do futuro baby, fomos assistir no youtube alguns vídeos de parto, para tentar entender o que me amedrontava.
     Lembro que tinha alguns "medos fixos": Evacuar durante a força; a Episiotomia, seu tamanho, profundidade, sua costura, cicatrização; Sexo depois de liberada pela médica. Mas nunca, nunca vou me esquecer do vídeo que vimos. O 1o. era parto normal, com o corte, um MICRO corte, que na minha mente seria um corte que transformava tudo em uma coisa só. O 2o. era uma cesária, assim que começaram a cortar a primeira camada demos um pause, ficamos em choque, e decidi: SIM, SERIA NORMAL. Em nome do meu BEM e do bebe. Sabia dos benefícios para o bebe, principalmente para o vínculo mãe/filho. A parte da minha amiga ser fruto do parto normal, e sua mãe contar as coisas positivas também ajudou.

     Fui uma adolescente que sofreu com cólicas desde quando me lembro menstruar pela 1a. vez. Cólicas que buscopan não resolve; cólicas que te fazem ficar deitada, debaixo dos cobertores, toda exprimida. Fiz exames para me certificar que não havia nada de errado, resultado: - QUERIDA, VOCÊ TEM CONTRAÇÕES DE PARTO, POR ISSO SENTE TANTA DOR -me disse a médica e me receitou Feldene, 10 dias antes da menstruação descer. MERECIA ter um parto normal, sentia a dor desde os 11 anos, ou seja, praticamente 11 anos de dor, o que seriam algumas horas?


     Não li nada a respeito, não quis saber posições e nem técnicas respiratórias, nada. Confiava no destino e mais ainda na minha médica. Lembro que a partir do dia 28 de março ele podia nascer a qualquer momento. Tive consulta dia 30 - 2 cm de dilatação e contrações que eu não sentia - ele ainda se mexia muito e a barriga estava alta. Dois dias depois outra consulta: 4 cm de dilatação e contrações. A médica já sentia a cabeça do bebe querendo nascer, pressionando. E eu sussa total. Fim de semana, uma semana depois outra consulta: praticamente 6 cm de dilatação e contrações. Eu sem sentir nada, planejando ir ao supermercado. Sai do consultório com o pedido de internação da médica, iríamos induzir o parto no dia seguinte as 6:30 da manhã, proibida de fazer compras. Me lembro de continuar calma, não sentia nada e ela me disse: - Só não nasceu porque você não teve uma contração forte que estourasse a bolsa, senão... Qualquer coisa me liga e corre pro hospital. - Ela pediu também que as 23:30 entrasse de jejum completo.
    Dia seguinte fomos para o hospital São Luiz, demos entrada, as enfermeiras ficavam chocadas de eu estar ok e corada, sem dores da contração. As 8:30 entrei na ocitocina, continuava calma, mais com vontade de ter o Pedro em meus braços que qualquer coisa. A médica chegou com a equipe por volta das 10 horas, acompanhavam o batimento do Pedro e as contrações. Ela entrava na sala e me perguntava se estava bem, se sentia algo, e eu calmamente respondia: Estou bem, Com fome.
     Sentia uma puxada na lombar, de leve, e ela me disse que já estava no ápice das contrações. Hora de estourar a bolsa, seguimos para a sala de parto. Eram 13:00 horas. Estouraram a bolsa, pela 1a. vez entendi a dor do parto, MUITA DOR, você se esquece de respirar, anestesista entrou em ação com a peridural. Sossego pleno, deitada na posição. A gineco acreditava que estourando a bolsa a barriga desceria. Negativo. Contração, força, ação, nada. E assim suscetivamente. Impressionante como parto normal em hospital particular é raro, tanto que deviam ter umas 30 pra 40 pessoas, é algo único. Chamou mais um médico, coloca a mão daqui, coloca de lá, escutei um : - Ele travou aqui; - Pode fazer força que vai. E seguia as instruções do anestesista/anjo.
      A médica parou, levantou, olhou para mim e disse: Ele tem 10 minutos para descer, senão teremos que fazer cesária. Nesse momento travei. Estava ali suuper exposta e literalmente ESCANCARADA, horas fazendo força, com fome e cansada, não podia ser em vão, não! Fechei os olhos, orei. Chamei as correntes que acredito, Maria, Nossa Senhora e a cabocla. Conversei com o Pedro, chamei ele para meus braços, e voltamos a fazer força.
     Pedro nasceu, foi lindo! Fiz a última força, ela já tinha feito o corte e estava usando o fórceps de alívio, fiz força e quando olhei ele ali, chorando, chorei junto! Que alegria, que emoção! Pari!

     Não trocaria isso por nada! Todas as mulheres deveriam ter essa sensação: dever comprido, transbordar amor. Na sala de recuperação da anestesia, eu era a única de parto normal. Sei que fui fora da média, sem dores ou desconfortos. Que contei com uma equipe Top que me auxiliou e me ajudou a todo momento. No primeiro xixi eu chorei de dor, muita ardência e sangue, mal conseguia olha lá para baixo, pareciam aquelas salsichas enroladas em barbantes. Me senti arrependida. Tomar banho doía demais, ardia. Não queria nunca mais fazer coco.
     Dia seguinte minha prima me visitou, a mesma que teve bebe hoje, e tinha tido a minha outra priminha assim como o Pedro, falou que fazer coco foi tranquilo. Tomei coragem e fui. Já estava bem mais desinchada, ainda doía muito e pra sentar usava almofada de hemorroidas. Fazer coco foi ok. Fiz alojamento conjunto, o Pedro ficou no nosso quarto todo instante, assim mamar ficou fácil, fácil, e babar nele também né?

   Enfim, minha recuperação foi perfeita! Rápida, e quando fui ver, ainda ela fez uma plástica vaginal digna do Dr. Rey, Rs que fez o meu marido casar com uma e levar duas! Fiquei muito feliz com o resultado.


     O que eu tenho para dizer:

  • Parto normal é NORMAL = dói, machuca, demora. A vida é assim, dar a vida também! Mas tem muitaaas vantagens, para ambos.
  • Não pretendo ter uma cesária, nem um parto humanizado, já falei que isso não faz meu tipo, mas ADMIRO quem o faz! Parabéns mulheres, vocês são fodas!
  • Pesquisem, conversem e confiem nos seus médicos, ou troquem 
  • Sou muito feliz pelo desenrolar da história, acredito que minha energia ajudou no processo.

     Essa é a MINHA opinião, não pari por ninguém, já ouvi várias histórias tristes e muitas felizes, então lembrar que seres humanos são únicos, não vale tudo para todas. Mas falo com orgulho: #CESÁRIANÃOMEREPRESENTA 

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